QUANDO A ÚLTIMA PÉTALA DA VIDA CAIR-ME
Como serei quando a última pétala da vida cair-me.
Um humano relicário de biles e vazios
Ou talvez um pescador de álacres auréolas
Por ter singrado trôpega, altiva e exitosamente
As agruras que salpicam copiosamente
As alamedas do meu caminho...
Como estarei quando a última pétala da vida cair-me.
Cintado de filosofais comensais e estáticos amigos eremitas
Ou no aconchego do tálamo,
Que compartilho com a Ondina do lago de lancinantes lágrimas caladas...
Quando a última pétala da vida cair-me,
Estarei vagando misantropo pela órbita de uma longevidade opaca
Ou será que serei despojado sem indulgência do seio da crisálida...
Todavia, embora trancafiado na masmorra da bruma de dolentes contingências,
Carrego comigo o mais valioso mineral de minha consciência:
A certeza de que, quando a última pétala da vida me cair,
Crepuscularei como mais um trôpego que caminha pelo itnerário
Interminável e magnânimo da Poesia.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA