O MIRANTE DO DESABROCHAR PRECOCE

18-02-2010 12:19

 

 

             

 

Ao descerrar a janela do meu quarto,

Contemplo a paisagem do quintal de casa:

Compleição bucólica em que predomina

Uma atmosfera que cintila ao sol da manhã de crisálida.

 

 

Aqui, parece que a alvorada

Se despede mais cedo:

Entrega-se ao arrebate do fogo heliocêntrico

Quando o dia jaz ainda sob o aconchego do leito.

 

 

Passados alguns momentos de deslumbramento,

Acomodo um pouco meu olhar

Sobre a ventura da ótica

Que repousa na cama da urbana roça:

 

 

Meu par de olhos goza o contemplar

Das bananeiras, abacates, graviolas;

Mangas, mamões, limas, limões, laranjas, cenouras, abóboras;

Mandiocas, cocos, inhames, batatas-doces, acerolas!

 

 

No entanto, é o céu que me enleva e arrebata:

O albino azul que me afoga;

As nuvens pairando plácidas;

No ventre, posso vislumbrar a linha do horizonte e ás abóbadas agigantadas.

 

 

Afinal, ao regressar da dimensão do divagar,

Sinto-me como tivesse levitado

A bordo da nave do profundo pensar:

Agora, a poesia, em mim, eclode, recrudesce, é contínuo jorro de avatar!

 

 

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA